Ranking provisório para Innsbruck 2018

Dentro de alguns meses, teremos no final de Setembro o mundial de estrada de ciclismo, em Innsbruck. Diferente de outros anos (Qatar 2016, não se esconda), a expectativa é que apenas os escaladores sobrevivam, com um circuito duríssimo.

Nos preparativos, um dos fatores com o qual os técnicos precisam se preocupar é com quantos ciclistas eles podem contar, tanto na convocação como quantos vão efetivamente largar. Em contraste com corridas normais, quando todas as equipes possuem o mesmo número de ciclistas – pelo menos no começo – no mundial a quantidade varia de acordo com a posição do país no ranking mundial de nações da UCI, que leva em conta os 8 melhores ciclistas de cada nação, e é finalizado em Agosto, com as nações mais bem colocadas tendo direito a 9 starters e as últimas apenas 1, de acordo com o bloco em que estão incluídas:

  • Bloco 1 (1º ao 10º) – 9 ciclistas
  • Bloco 2 (11º ao 20º) – 6 ciclistas
  • Bloco 3 (21º ao 30º) – 3 ciclistas
  • Bloco 4 (31º ao 50º) – 1 ciclista
  • Bloco 5 – Nações que possuam pelo menos um ciclista no top 200 do Ranking Individual e que não tenham se classificado pelos critérios anteriores.
  • Bloco 6 – Caso alguma nação desista e não hajam 200 ciclistas inscritos, novas vagas podem ser distribuídas.

Nos próximos parágrafos segue uma lista provisória das nações classificadas e onde elas estavam no ranking de 2017, em caso de mudança. Para os dados, utilizei o ranking do PCS, que já contabilizou a Amstel Gold Race, de ontem.

Bloco 1 – 9 ciclistas

  • Itália
  • Bélgica
  • França
  • Espanha
  • Holanda
  • Colômbia
  • Reino Unido
  • Austrália
  • Noruega
  • Dinamarca (promovido)

Impulsionada pelos resultados de Valgrem (1º Omloop, 4º na Ronde, 1º Amstel) e Pedersen (2º Ronde, 5º Dwars) nas clássicas desse ano, a Dinamarca entra no top 10 e pode levar 9 ciclistas. A questão é se Fuglsang (capitão natural para o mundial) terá condições de aproveitar o apoio – e se o apoio vai conseguir segurar a barra quando o ritmo apertar.

Bloco 2 – 6 ciclistas

  • Alemanha (rebaixado)
  • Polônia
  • Eslovênia
  • Eslováquia
  • Suíça
  • Irlanda
  • Rússia
  • Chéquia
  • Estados Unidos
  • Luxemburgo (promovido)

Não que mude muita coisa no mundial devido a seu foco em sprinters, mas a Alemanha no momento está perdendo 3 ciclistas. O principal motivo foi a fraca temporada de Degenkolb, que trocou top 10 na MSR, Gent, Ronde e Paris-Roubaix em 2017 por nenhum top 10 este ano nas clássicas.

Por outro lado, Jungels ganha 3 gregários com a entrada de Luxemburgo no bloco 2.

Bloco 3 – 3 ciclistas

Aqui começamos a entrar no mundo de “quem é esse?” e dos resultados em corridas fora do circuito WT valendo relativamente muitos pontos

  • África do Sul
  • Portugal (rebaixado)
  • Áustria
  • Ucrânia
  • Canada
  • Nova Zelândia
  • Eritrea
  • Cazaquistão
  • Belarus
  • Letônia (promovido)

Boa notícia: Rui Costa (não o Pimenta, do PCO, mas o Gajo), assim como em Firenze-2013, vai contar com 2 gregários. Má notícia: Poderia contar com 5. E é Rui Costa.

Bloco 4 – 1 ciclista cada

  • Japão
  • Argentina
  • Estônia (rebaixado)
  • Ruanda
  • Irã
  • Venezuela
  • Romênia
  • Argélia
  • Equador
  • Costa Rica
  • Lituânia
  • Azerbaijão
  • Croácia
  • Coréia do Sul
  • Marrocos
  • Hongkong (não classificada em 2017)
  • Etiópia (não classificada em 2017)
  • Grécia (não classificada em 2017)
  • México (não classificada em 2017)
  • Bulgária (não classificada em 2017)

Bloco 5

Nenhuma nação se classificou por esse critério. O ciclista #200 no ranking possui 360 pontos e apenas 4 nações além do 50º lugar possuem mais pontos, e nenhuma tem pelo menos um ciclista no top 200.

Sem vaga no mundial, mas se classificou em 2017

  • Suécia
  • Turquia
  • Brasil
  • Tunísia
  • China

Países grandes (Brasil, China) e pequenos (Tunísia, Suécia). Ricos (Suécia) e relativamente pobres (Tunísia). Mas isso é assunto de um próximo post (relação entre resultados no ciclismo e indicadores sociais).

Vuelta a España 2017 – Etapa 1

¡Hola!

Logo mais começará mais uma edição da caçula – mas não menos emocionante – das grandes voltas, a Vuelta a España. Partindo de Nîmes, no sul da França, serão as já tradicionais 21 etapas, incluindo a chegada em Madrid. Nesta edição a etapa rainha é a penúltima, uma explosiva etapa de apenas 120 km terminando no temido Angliru, a montanha mais mítica da península ibérica. Mas antes disso, os ciclistas terão um percurso bastante complicado, com muitas montanhas e morros e pouquíssimas etapas para “relaxar”, o que refletiu na ausência de sprinters “pesados”.

A etapa

Para começar já misturando a classificação geral, um curto contra relógio – ou anti horário, para alguns – de 13,8 km na cidade francesa de Nîmes. O percurso mistura ruas e estradas ao redor e no centro da cidade, alternando trechos longos onde os especialistas podem fazer diferença e trechos técnicos onde a coesão da equipe para negociar as curvas vai ser fundamental.

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Mapa da etapa 1

O percurso sai da praça próxima a um templo romano no centro, contornando o bairro e depois seguindo para as estradas de fora. Ainda durante o contorno, as equipes literalmente atravessarão um anfiteatro romano, a “Arene de Nîmes”, construída no ano 70 D.C. e convertida nos anos 1800 em arena de touradas. Tanto o acesso como a saída devem ser bastante traiçoeiros, com alguns paralelepípedos e curvas apertadas.

Já no subúrbio, entre os quilômetros 4,9 e 7,3 fica o que a organização chamou de “montanha”, que tem apenas 2,4km de extensão – ok, não é tão curta – mas “sobe” apenas 38 metros. Uma inclinação de míseros 1,6%. Até Kittel é capaz de ganhar um sprint nessa montanha. Provavelmente o patrocinador da camisa de escalador – Loterías y Apuestas del Estado – apostou em alguém para vestir a camisa na primeira etapa.

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Perfil da etapa 1

Mas se por um lado ela não oferece dificuldades em inclinação, ela possui trechos bastante apertados onde será necessário bastante entrosamento dos atletas para evitar acidentes ou problemas no revezamento.

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Trecho na parte final da “subida”

Depois o percurso segue como um tradicional CR por equipes em cidade de tamanho médio da Europa, alternando avenidas largas com trechos mais estreitos, até o final, na avenida lateral do anfiteatro romano.

Favoritos

Entre os participantes, a favorita deve ser a BMC, liderada por Rohan Dennis, que neste ano ainda não perdeu em etapas contra o relógio, vencendo 3 individuais e 2 por equipes, todas no nível World Tour. Uma pena que não pudemos ver no Giro um duelo entre Dumoulin (Sunweb) e Dennis, que fazem parte dessa nova geração de contra relogistas que estão ocupando o espaço antes ocupado por Tony Martin e o aposentado Fabian Cancellara. Além de Dennis a BMC também conta com nomes com Van Garderen, Oss e Roche.

Correndo por fora estão o Império, digo, a Sky, que veio com vários escaladores mas sempre são uma ameaça com nomes como Froome, Puccio, Knees e Moscon. Também é de respeito o esquadrão da Quick Step, com Jungels, Lampaert, De La Cruz, Trentin e Terpstra.

Até um passado recente a Orica-Scott seria um nome a se cogitar para esse tipo de etapa, mas a mudança de foco nas aspirações de classificação geral para os irmãos Yates e o colombiano Chaves pode ter diminuído um pouco as chances da equipe australiana em troca de um melhor suporte nas montanhas. Provavelmente ela pode acabar junto com as outras equipes dos candidados à geral – exceto você, AG2R, e Bardet, que tomarão alguns minutos – naquele limbo perdendo alguns segundos mas sem comprometer demais a geral.

Horário

A largada da primeira equipe está prevista para 17:30 horário local, 12:30 do Brasil, e a última equipe deve largar às 18:54 locais (13:54 no Brasil). O percurso é bastante curto e devemos ter tempos na casa dos 14min altos a 15min baixos para as primeiras colocadas.

Palpites

  • Vencedor: BMC.
  • Camisa vermelha: TEJAY! Dennis deve puxar boa parte do trecho final, então não sei se teria tanto gás ainda para o sprint final.

Links úteis

PS: Cornetas, se faltou citar alguma persona pública do grupo que vai postar coisas da Vuelta, podem puxar minha orelha que eu adiciono aqui.

Simbora!

Giro 100

13 de Maio de 1909. Há exatos 107 anos, 11 meses e 26 dias nascia em Milão a irmã do meio das grandes voltas. Inspirada pelo do Tour de France, do jornal francês L’Auto, e aproveitando o sucesso do Giro di Lombardia e da Milan-San Remo, a La Gazzetta dello Sport organizou o que veio a ser, segundo alguns, uma corrida tão importante quanto o próprio Tour, apesar de não chamar tanta atenção fora do mundo ciclístico. Disputada em 8 etapas, a prova foi vencida por Luigi Ganna e tinha um modelo de classificação geral bem diferente do qual estamos acostumados. Ao invés de somar o tempo dos ciclistas, ao final de cada etapa a posição de cada um era somada e quem tivesse o menor número – ou seja, a menor média de posição – era o campeão. Além disso, haviam etapas de até quase 400km.

Muita coisa mudou desde então, com a criação das outras classificações, como a Maglia Azzurra de melhor escalador e a Maglia Ciclamino de sprints por pontos. Sem contar, desde 1931, o que eu considero um símbolo mais bonito que a Maillot Jaune do Tour: A Maglia Rosa de líder da classificação geral.

Para 2017, ano da 100ª edição, a organização buscou no trajeto relembrar momentos importantes do Giro, como as montanhas de Oropa e Piancavallo que marcaram a carreira do pirata Pantani.

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Adeus, Scarponi

Às vesperas da primeira etapa, um dos ciclistas mais queridos do pelotão, Michele Scarponi, faleceu ao colidir com um caminhão durante um treino, bastante próximo de casa. Ele seria o líder da Astana no Giro (ano passado ele foi providencial na vitória de Vincenzo Nibali) e vinha de um ótimo Tour dos Alpes, onde venceu a primeira etapa. Do vencedor do Giro de 2011 ficam as belas memórias e as homenagens. A organização do Giro deu o nome de “Subida Scarponi” à passagem do pelotão pelo Mortirolo, na 16ª etapa.

Sardenha

As três primeiras etapas se foram na Sardenha, onde se esperava algo como 2 etapas de sprint mornas (1 e 3) e uma etapa talvez para uma fuga (etapa 2). O começo das etapas realmente foram mornos, com especulações de que os ciclistas estariam fazendo “live” direto das bicicletas. Porém os finais das etapas 1 e 3 fugiram completamente do script.

Na primeira etapa, uma curva muito apertada a pouco mais de 3km desmontou os trens dos sprints e Lukas Pöstlberger – não, não é parente do Gehard Berger –  embalador da Bora-Hansgrohe, apareceu sozinho na frente. Nas palavras dele, “tentamos embalar Sam Bennett, mas ele perdeu minha roda, e quando vi um espaço, decidi tentar eu mesmo”. A Orica-Scott ainda tentou reconectar mas Caleb Ewan tinha apenas um embalador já gasto que não conseguiu. Vitória surpreendente do austríaco e primeira vez desde os anos 30 que um austríaco lidera uma grande volta. Entre os candidados à classificação geral, Steven “Kururu” Kruijswijk acabou ficando mal colocado na curva que causou a confusão e perdeu alguns segundos.

Na segunda etapa, com uma montanha que segundos alguns seria muito pesada para os sprinters, mais pela distância (26km) que pela inclinação (3,2%), acabou numa disputa de sprint entre os trens da Orica-Scott e Lotto-Soudal, trabalhando respectivamente para Caleb Ewan e André Greipel, com Fernando Gaviria (Quick-Step Floors) de intruso. Ao lançar o sprint, o australiano acabou desclipando do pedal num contato com o colombiano e o “Gorilla” alemão acabou ganhando com relativa facilidade.

Já na última etapa antes do traslado para a Sicília, um perfil de etapa simples, com apenas uma montanha categoria 4. Porém a mistura de “Quick-Step” com ventos laterais resolveu dar as caras novamente e nos últimos 12km a equipe desmontou o pelotão graças especialmente aos trabalhos de Bob “Selva” Jungels e Iljo Keisse – esse mais conhecido por quase matar Carlton Kirby do coração. No final, uma diferença que chegou a quase 30s acabou caindo para 13s, mas o suficiente para Gaviria conseguir sua primeira vitória numa grande volta e a camisa de líder na geral. Jungels também ganhou 13s em relação a outros na CG, mas resta a dúvida se a conta de tal esforço virá nas próximas semanas.

O que vem por aí

Nesta primeira (segunda?) semana do Giro teremos já na terça (4ª etapa) o Monte Etna, onde Contador transformou o pelotão em cinzas (tum-dum-tssss) em 2011. A subida será por um caminho diferente, aparentemente mais irregular que em 2011. Muita expectativa está sendo colocada nessa etapa como primeiro embate real pela classificação geral. Além do Etna (~18km @6,6%), no meio da etapa temos a Portella Femmina Morta, com apenas 4,5% de inclinação mas longos quase 33km. Ela não deve causar grandes danos de cara, mas é longa o suficiente para drenar energia que fará falta no final.

Pessoalmente acho que apenas alguns dos nomes que correm por fora que devem tentar algo mais concreto. Apesar de bastante alta (quase 1900m), o último km é relativamente plano e não acho que Quintana tente algo muito arriscado logo de cara. Mais provável ele guarde as energias para a dificílima 3ª semana e a subida ao Blockhaus no domingo. Por outro lado, a inclinação aumenta para 9% entre 3 e 2km do fim, distância favorita de Quintana para seus ataques.

Uma das coisas para se ficar de olho é na disputa interna no Team Sky entre o “líder oficial mas não em público” Geraint Thomas e “o co-líder em público mas correndo por fora” Mikel Landa.

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Entre quarta e sábado, as chegadas não serão em montanhas. Mas isso não quer dizer que sejam planas. Tanto que etapas puramente de sprinter sobraram apenas as etapas 12 e 13.

Na 5ª etapa, uma visita à cidade natal do Tubarão Nibali, Messina. A etapa tem um começo bastante complexo, passando por várias cidades num trajeto ondulado, para terminar um circuito de 6km que será feito apenas uma vez. Depois de um retorno numa rotatória a 1,75km do fim, uma longa reta leva o pelotão à chegada.

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A 6ª etapa começa a percorrer a costa italiana junto ao mar Tirreno, entre Reggio Calabria e Terme Luigiane, antes de atravessar para o Adriático na etapa seguinte. Depois de um vale bastante plano no meio da etapa, vários “morrinhos” dificultam um pouco as coisas no final e a partir de 2km para o fim uma rampa vai aumentando gradativamente a inclinação até 10%. Um final para os puncheurs disputarem e para os canditados à CG perderem aqueles segundos preciosos num corte por mau posicionamento.

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Na sexta-feira, a 7ª etapa não tem tantas ondulações mas oferece algumas curvas relativamente apertadas nos últimos km. Depois do que aconteceu na primeira etapa, os times devem estar mais preocupados ainda com o posicionamento dos líderes.

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Antes da tormenta de domingo, a 8ª etapa oferece um final bastante ondulado, com os 2km finais parecidos com os da etapa 6. Porém além da inclinação crescente, esta etapa tem várias curvas em sequência e a reta de chegada, de 200m, é coberta com pavés e 12% de inclinação segundo o roadbook, apesar do Google Street View mostrar um asfalto de qualidade duvidosa.

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Segunda é o dia de descanso. Mas antes vem a parede do Blockhaus. Com 13km e a maior parte a mais de 9%, será um grande teste antes do contra-relógio de terça feira. A dificuldade pode ser ainda maior do que os números mostram porque a montanha é precedida por uma subida de mais de 10km a quase 5% não categorizada entre Scafa e Roccamorice.

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Palpites da próxima etapa (4)

  • Vencedor: Pelotão da CG: Pinot (FDJ) ou Zakarin (Katusha-Alpecin). Se fuga, Rolland (Cannondale-Drapac).
  • Daniel Teklehaimanot (Dimension Data) vai sair na fuga e tentar os 15 pontos da montanha Cat 2 antes do Etna, além dos pontos dos 8 pontos do Traguardi Volanti, sprint intermediário. O africano está a apenas 7 pontos de Greipel.

De olho na semana

  • A disputa interna na Sky.
  • Quando Greipel arruma as malas para dar adeus e se preparar para o Tour?
  • Quem da CG vai dar adeus ao sonho no Etna e no Blockhaus?
  • Quem vai abrir vantagem na liga dos cornetas no Velogames?

Até breve!

Tour de France 2015 – Run to the mountains

Finalmente o Tour chegou ao primeiro dia de descanso (e eu a voltar a ter acesso à internet) depois de uma semana complicada, que teve de tudo um pouco, menos altas montanhas. Segue abaixo uma série de “curtas” com alguns assuntos relevantes dessa primeira semana e dos próximos dias.

Froome em alta, Nibali em baixa

Froome terminou a primeira semana com mais de 1 minuto de vantagem para todos os adversários principais. Apenas o americano Tejay Van Garderen (BMC) está próximo, a 12 segundos. Enquanto isso, Nibali ficou para trás tanto na subida do Mûr de Bretagne como não ganhou nada nas outras etapas. Segundo comentários na equipe, a moral está baixa na equipe cazaque.

O arquivo secreto de Chris Froome

Na tarde/noite de hoje um perfil no twitter e no youtube publicou um vídeo e os dados da escalada de Froome no Monte Ventoux. Pela reação da Sky, esses dados foram “hackeados” ilegalmente e a equipe não perdeu tempo em desativar essas contas. Ao invés de esclarecer a situação, essa perseguição da Sky acaba dando mais combustível para comentários como “onde tem fumaça, tem fogo”, “quem não deve não teme”, etc.

Quintana mineirinho

O colombiano passou a primeira semana quase ileso, a não ser pelo 1:30 perdido na tempestade da 2a etapa. Ele agora tem o ambiente favorito dele para descontar esse tempo de Froome, com várias etapas de montanha por vir.

Sagan, o adaptável

Tentaram mudar o sistema de pontuação, mas no final da 1a semana o eslovaco está novamente com a camisa verde de líder de pontos. André Greipel venceu duas etapas planas, que davam 50 pontos cada, mas Sagan vem com uma regularidade excelente galgando pontos e está apenas três à frente do alemão. Com poucas etapas planas pela frente, Sagan provavelmente não perde mais essa camisa nas CNTP.

Basso e o câncer

Hoje também surgiu a notícia que Ivan Basso, que, ironia, foi contemporâneo de Lance Armstrong e hoje é companheiro de Contador na Tinkoff Saxo, abandonou o tour por conta de um recém-descoberto câncer nos testículos. A boa notícia é que como foi diagnosticado cedo, segundo o médico dele ele tem mais de 98% de chances de se curar. Força para o italiano.

O que vem por aí

Nessa segunda semana, todos estão na torcida para os fogos de artifício começarem logo na terça, na primeira etapa de chegada em alta montanha, em La Pierre-Saint-Martin, nos Pirineus. Depois, quarta teremos o ponto mais alto (literalmente) do Tour: Col du Tourmalet, a 2115m de altitude. Na quinta, outra montanha, com o famoso Plateau de Beille. Sexta será uma etapa de transição, mas nem por isso plana (ponto p/ Sagan). Sábado, uma chegada complicada em Mende com uma subida curta mas bastante inclinada logo antes. E no domingo, finalmente uma chegada plana em Valence.

Tour de France 2015 – Depois do temporal, a calmaria?

Como foi até aqui?

4 etapas completamente diferentes, 4 vencedores diferentes, 4 líderes diferentes, vários enchelons, paralelepípedos, contra-relógios, acidentes graves. O início do Tour teve praticamente de tudo.

A primeira etapa foi um contra-relógio de 13km em Utrecht, Holanda. A prova foi vencida por Rohan Dennis (BMC), que bateu o recorde de Chris Boardman dos anos 90 de contra-relógio mais rápido da história. O australiano fez uma média de 55,446km/h e desbancou os favoritos Tony Martin (Etixx-QuickStep), Fabian Cancellara (Trek) e o local Tom Dumoulin (Giant-Alpecin), que completaram as 4 primeiras posições a menos de 10s de Dennis. Entre os favouritos para a classificação geral, as coisa ficou bem embolada e Nairo Quintana (Movistar) saiu feliz por não ter perdido muito tempo para Chris Froome (Sky), Vincenzo Nibali (Astana) e Alberto Contador (Tinkoff-Saxo).

No dia seguinte, o que era para ser uma etapa tranquila, completamente plana, se transformou num pesadelo nos último terço da prova, quando o pelotão entrou na costa do Mar do Norte rumo à chegada, numa ilha artificial da Holanda. Os ventos cortaram o grupo e uma “mega fuga” se formou com pouco menos de 30 ciclistas. Entre eles, Contador, Froome e Van Garderen (BMC) foram os grande vencedores na classificação geral, abrindo cerca de um minuto e meio para os adversários. André Greipel (Lotto-Soudal) venceu Peter Sagan (Tinkoff-Saxo) e Cancellara no sprint. A ironia da prova foi que com o suíço na 3a posição, os segundos de bonificação o levaram a vestir a camisa de líder, ficando 3 segundos à frente de Tony Martin, que continuou na 2a posição. E o pior de tudo para Martin foi perder a chance de liderar a prova devido seu companheiro, Mark Cavendish, desistir do sprint no final, facilitando a vida de Cancellara. Com certeza a DR deve ter sido longa no hotel da Etixx-Quickstep.

Na segunda, uma versão simplificada da Flèche Wallone, culminando no Mur de Huy, uma subida curta porém duríssima. Apesar dela, o momento mais importante do dia foi o acidente que vitimou vários atletas. William Bonnet (FDJ) foi o primeiro a cair e levou a pior, fraturando uma vértebra do pescoço além de outros hematomas. Entre os ciclistas que abandonaram relacionado a esse acidente, temos Cancellara, que machucou novamente uma vértebra que havia fraturado no começo do ano. A Orica-Greenedge também perdeu Simon Gerrans e Daryl Impey, além de Michael Matthews estar continuando no Tour no sofrimento. Tom Dumoulin também foi forçado a abandonar devido a um ombro deslocado. Adam Hansem (Lotto-Soudal), que vai na sua 12o grande volta consecutiva, também machucou o ombro numa queda mas disse que “come dor no café da manhã” e vai continuar.

Um ponto do acidente que causou muita confusão foi o fato de neutralizarem a prova quando ele ocorreu. Logo começaram acusações que era porque o líder Cancellara estava envolvido, que era um precedente grave. Mas logo foi data a (correta) explicação de que não haviam ambulâncias e carros médicos disponíveis, já que todos estavam socorrendo os acidentados. Como a corrida só pode continuar com apoio médico, foi necessário neutralizar.

Na chegada em Huy, um pelotão reduzido começou a subida e Froome ditou o ritmo no começo, mas nem ele foi capaz de responder ao ataque de Joaquim Rodriguez (Katusha), vencedor da Flèche Wallone em 2012. Com o segundo lugar, Froome conseguiu a camisa de líder e ficou 1s à frente de … Tony Martin, que continuou como vice.

Hoje, terça, foi o dia mais temido para todos os ciclistas na classificação geral: os paralelepípedos do nordeste da França. Entre eles, algumas seções usadas na Paris-Roubaix. Apesar do vento, não tivemos chuvas fortes como no ano passado e um grupo relativamente grande chegou ao final. A 3km do fim, cansado de bater na trave, Tony Martin aproveitou o vácuo de uma moto da organização e lançou um ataque. Apesar de muitos ciclistas, o grupo estava bastante desorganizado e o alemão conseguiu finalmente vencer e, principalmente, vestir a camisa de líder. E isso tudo depois de ter um problema e pegar uma bicicleta emprestada com um colega quase 10cm mais baixo. Enquanto isso, Thibaut Pinot (FDJ) pareceu recusar a bicicleta de um companheiro quando teve problemas nos últimos setores de pedras e acabou ficando muito para trás, perdendo mais de 3 minutos. Apesar de ter potencial, Pinot parece ter esses momentos de pânico em que não consegue pensar direito e acaba tendo “apagões”.

O que vem por aí

Enquanto na classificação geral as coisas devem se acalmar um pouco, na disputa dos sprinters os próximos dias serão fundamentais, com 150 pontos à disposição de quem vencer a prova, além de 60 pontos nos sprints intermediários. Depois, apenas 2 etapas terão 50 pontos para o vencedor, incluindo o final no Champs-Élysées. No momento, Greipel lidera com 84 pontos contra 78 de Sagan e 60 de Degenkolb. Duas dessas etapas são em chegadas planas, mas a outra é em subida, perfeita para Sagan, Matthews (se tiver se recuperado do acidente) e, em certa forma, Degenkolb.

Nas outras equipes, hora de lamber as feridas desse começo caótico e tentar guardar forças para o contra-relógio por equipes de domingo. Porém, algumas dessas próximas etapas podem ser palco de ventos fortes, trazendo lembrança do desespero que foi o segundo dia.

Pessoalmente, creio que a surpresa até agora tem sido Warren Barguil (Giant-Alpecin). Depois de vitórias na Vuelta-13 e a oitava colocação na Vuelta-14, o jovem francês (23 anos) está em 11o na geral, depois de estar presente em vários momentos chaves da prova até aqui: Na fuga que venceu a 2a etapa e sobrevivendo aos paralelepípedos. A maior preocupação para ele no momento deve ser o contra-relógio por equipes, já que o principal motor da sua equipe, Dumoulin, foi forçado a abandonar.

Visualizando a classificação

Aproveitando o tour e o “sabático forçado”, estou montando um site simples para visualizar melhor o progresso nas classificações. Às vezes um gráfico ajuda a mostrar quem está perdendo tempo na terceira semana, quem se recuperou daquela etapa horrível na 1a semana, etc. Acho que amanhã ainda devo ter algo no ar. Quem sabe não vira uma feature nova no ProCyclingStats?

* Ryder Hesjedal (Cannondale-Garmin) e Steven Kruijswijk (LottoNL-Jumbo) perderam vários minutos na 4a etapa do Giro deste ano, mas conseguiram se recuperar e terminar entre os 10 melhores (5o e 7o, respectivamente).

Tour de France 2015 – O início

E começou mais uma edição do Tour de France. Este blog cobriu a edição de 2013 com resumos diários após cada etapa, mas para esta edição vou tentar alternar previews das próximas e etapas e reviews condensados das etapas anteriores.

A vez dos escaladores (de novo)?

Neste ano teremos 7 etapas de montanha, incluindo 4(!) em sequência na última semana, culminando numa chegada no Alpe d’Huez. Por outro lado, apenas 42km de contra-relógio, todos antes do primeiro dia de descanso. Para efeito de comparação, em 2012 foram mais de 100km de contra-relógio, dominados por Bradley Wiggins, campeão daquele ano.

Desses 42km, quase 14 foram hoje, na primeira etapa, vencida por Rohan Dennis (BMC). Os outros 28km serão na 9a etapa, por equipes num terreno ondulado na Bretanha, incluindo uma subida a quase 5% nos últimos 2km. Não bastasse essa subida, várias equipes deverão estar desfalcadas. Para efeito de comparação, ano passado as equipes já haviam perdido 14 atletas no começo da 9a etapa. Sky e Lampre, por exemplo, perderam 2.

Os “favoritos”

Uma vez que as subidas que serão as protagonistas do Tour, todos esperam para esse ano a batalha que não houve ano passado, quando Contador e Froome abandonaram antes da metade. O quarteto fantástico formado por Nibali, Contador, Froome e Quintana concentra praticamente todas as atenções, mas outros nomes fortes como Pinot, Van Garderen, Bardet, Rodriguez, Peraud, entre outros, correm por fora, tentando um top-5 ou mesmo algum degrau no pódio. Depois do CR da primeira etapa, praticamente todos eles estão com no máximo 1 minuto de diferença entre si.

As próximas etapas

Nos próximos dias teremos uma variedade de etapas. A 2a etapa continua na Holanda, com um perfil mais plano que a ciclovia de Boa Viagem em Recife, mas com um final perigoso, completamente exposto aos ventos da costa Holandesa. Na 3a etapa, teremos quase uma reedição da Flecha Valona, terminando num concurso de leg press subindo o Mur de Huy. E na 4a etapa, novamente os paralelepípedos do nordeste da França. Dessa vez, a previsão do tempo permanece em nublado, sem expectativa de chuva, ao contrário do mar de lama do ano passado.

Huy - Chemin des chapelles - Chicane et chapelle 3

Por onde acompanhar

Abaixo seguem alguns links com mais informações sobre o Tour e por onde acompanhar

  • INRNG – Eu diria que um dos melhores blogs de ciclismo da atualidade. Tem um guia excelente com informações sobre as etapas e classificações.
  • Pro Cycling Stats – O Cycling Quotient pode ser mais antigo, mas o PCS tem feito um trabalho exemplar de publicar os resultados de corridas de forma simples e direta. Recurso obrigatório para quem quer acompanhar o tour em detalhes.
  • Carro Vassoura – Escrito pelo português Rui Quinta, que está comentando o Tour na África do Sul. No twitter, também cornetando.
  • Steephill.tv – MUITA informação. Galerias de fotos, links para streams, informações do percurso, etc.
  • C-Cycling – Previews diários, pelo jornalista Mikkel Condé
  • Reddit /r/Peloton – Todos os dias com threads com informações da etapa atual e outra com os resultados.

Long time no see…

Depois de um Tour de France intenso no blog e da minha queda, o ritmo de postagens diminuiu muito durante a Vuelta e ele acabou ficando praticamente abandonado durante o mês de setembro. Algumas pendências externas estão tomando mais tempo do que eu esperava e está complicado achar tempo para ele.

Apesar da diminuição no ritmo, pretendo ao longo das próximas semanas ir publicando alguns posts. Entre eles o final da incrível edição da Vuelta e a vitória portuguesa no Mundial de Ciclismo. Também devo falar um pouco sobre alguns livros que li, relacionados a ciclismo, triatlo e corridas.

Até lá!

Muito além do Tour – Parte I

Para a maioria das pessoas a expressão “ciclismo profissional” lembra apenas o Tour de France, um dos maiores eventos esportivos do mundo. Apesar de sua importância, o Tour é apenas a corrida mais importante de um complexo sistema, envolvendo quase 200 times e cerca de 1000 eventos, coordenado pela União Ciclística Internacional (UCI)

Neste post veremos como se divide o calendário do ciclismo e as divisões de equipes. No próximo post, uma visão geral das corridas mais importantes do calendário.

As categorias de corridas

A temporada do ciclismo é composta de vários calendários secundários. O principal deles, o UCI World Tour, é composto pelas corridas mais importantes ao longo do ano, como o Tour de France, o Giro d’Italia, a Vuelta a España e a Paris-Roubaix, onde todas as principais equipes são obrigadas a participar, junto com algumas equipes menores convidadas. Logo abaixo estão os calendários continentais, que misturam as equipes grandes e menores. Os calendários continentais são chamados de acordo com o continente que representam: UCI Europe Tour, UCI America Tour, etc.

Todos os calendários são compostos por corridas de um dia, chamadas de clássicas, e corridas de estágios, chamados de tours, voltas, giros, etc. Nos calendários continentais, as clássicas são classificadas como 1.X, enquanto as voltas recebem a classificação 2.X, onde X é o nível de importância das corridas.

Os principais eventos continentais são os HC, como a Omloop Het Nieuwsblad, primeira 1.HC do ano, e o Giro del Trentino, 2.HC que muitos ciclistas usam como corrida preparatória para o Giro d’Italia. Logo em seguida vêm os eventos 1, como o Chrono des Nations (1.1), contra-relógio que fecha a temporada européia e o Tour de San Luis (2.1), crescente prova de nossos hermanos. Por fim, todos os outros eventos recebem o sufixo 2, como é o caso das brasileiras Copa América de Ciclismo (1.2) e Tour do Rio (2.2).

As divisões do ciclismo profissional

Como qualquer esporte o ciclismo também é dividido em divisões, com equipes gigantes com orçamentos milionários como Sky Procycling e Omega-Pharma QuickStep no topo da cadeia e equipes semi-amadoras no nível mais baixo. A “primeira” divisão é composta por 19 equipes chamadas de ProTeams. Logo após estão as equipes Pro Continentais (20) e por último as Continentais.

ProTeams

Para um time ser considerado um ProTeam ele deve fazer o pedido de uma licença para a UCI. O processo de licenciamento é bastante complicado, envolvendo critérios administrativos, éticos, financeiros e esportivos. O INRNG postou no final do ano passado sobre o processo de licenciamento e depois sobre os critérios esportivos (pontuação). Esse processo de licenciamento levou, no final do ano passado e começo deste ano, a uma queda de braço entre a UCI e a Katusha, de Joaquim Rodriguez, que apesar de ter ficado em segundo lugar no ranking do World Tour (e Rodriguez em primeiro) não teve sua licença renovada pela UCI. A equipe acionou a justiça e garantiu o direito de participar do certame.

Carro de apoio da Sky.

Segundo as regras da UCI, os ProTeams devem empregar no mínimo 23 ciclistas, 2 diretores esportivos e 8 outros funcionários (médicos, massagistas, mecânicos).

Pro Continental

Logo abaixo dos ProTeams estão as equipes Professional Continental, também chamadas de Pro Continental. Elas possuem uma estrutura menor mas ainda assim significativa e muitas conseguem bons resultados em eventos do World Tour, onde participam como convidadas, a exemplo da Team Europcar no Tour de France do ano passado e a NetApp-Endura na Vuelta deste ano. Para serem consideradas Pro Continental, as equipes passam por um processo parecido com os ProTeams, se candidatando a licenças emitidas pela UCI.

Continental

Por fim, as equipes restantes registradas na UCI recebem a categoria Continental. As restrições à essas equipes deve ser determinada pela federação do país dessa equipe, aquele com maior número de ciclistas na equipe.

Nesse nível o Brasil tem duas equipes: Clube DataRo de Ciclismo e Funvic BrasilInvest-São José dos Campos.

Nações

Em alguns eventos as equipes participantes são equipes nacionais, como no Tour d’Avenir (2.Ncup), para atletas com até 23 anos de idade.

Combinando equipes e corridas

Uma vez que temos as divisões de equipes e corridas, quais as restrições para cada uma delas?

  • World Tour
    • ProTeams (obrigatório).
    • Equipes Pro Continentais convidadas.
  • 2.HC e 1.HC
    • ProTeams (máximo de 50%, ou 70% no caso da Europe Tour).
    • Pro Continentais.
    • Continentais do país do evento.
    • Nacionais do país do organizador do evento.
  • 2.1 e 1.1
    • ProTeams (50%).
    • Pro Continentais.
    • Continentais.
    • Nacionais.
  • 2.2 e 1.2
    • Pro Continentais do país do evento.
    • Continentais.
    • Nacionais.
    • Regionais e clubes de ciclismo.

Vuelta a España – Etapas 8-10

A Vuelta finalmente chega ao seu primeiro dia de descanso. Enquanto o Giro e Tour tiveram 9 etapas na primeira perna, a Vuelta esperou até a 10ª etapa. Após as etapas planas de transição, as três últimas etapas terminaram em montanhas duras para os ciclistas, com grandes mudanças na classificação geral.

Oitava etapa – O dia da convidada

Para a oitava etapa, os ciclistas tiveram um dia plano, mas com a dura Alto de Peñas Blancas no final, com quase 1000 metros de ganho vertical em pouco mais de 12 km. Neste ano a Vuelta conta com 3 equipes da “segunda” divisão, a Pro-Continental, como convidadas: A espanhola Caja Rural, a francesa Cofidis e a alemã NetApp-Endura, que faz sua segunda participação em grandes voltas após o Giro d’Italia de 2012.

Perfil da 8ª etapa.

Leopold Konig (NetApp) atacou próximo ao final e conseguiu a maior vitória de sua carreira e da equipe. Na classificação geral, Ivan Basso (Cannondale), Thibaut Pinot (FDJ), Nicolas Roche (Saxo-Tinkoff) e Dani Moreno (Katusha) conseguiram abrir alguns segundos dos favoritos Alejandro Valverde (Movistar), Vincenzo Nibali (Astana) e Joaquim Rodriguez (Katusha) enquanto perseguiam Konig.  Com isso, a camisa vermelha de líder passou para Roche.

Resultados

Nona etapa – A Flecha Espanhola

Uma das clássicas da primavera é a Flecha Valona, que acontece no sul da Bélgica e tradicionalmente termina no Mur de Huy (Muro de Huy), uma rampa de pouco mais de 1km e 10% de média, com trechos acima de 20%. Na nona etapa os ciclistas tiveram algo parecido, com a chegada em Valdepeñas de Jaén, que apesar de ter participado da Vuelta pela primeira vez em 2010 já se tornou uma queridinha da prova, com aparições em 2011 e 2013.

Perfil da 9ª etapa.

Apesar dos esforços da fuga um reduzido pelotão chegou ao início da montanha, já selecionado após a montanha Alto de los Frailes, próxima à chegada. Logo as fortes inclinações marcaram presença e Dani Moreno, vencedor da Flecha Valona em Abril, lançou um ataque que apenas Valverde e Rodriguez conseguiram responder, ainda assim chegando a alguns segundos de Moreno, que roubou a camisa vemelha de Roche.

Resultados

Décima etapa – O estatuto do idoso

A última etapa antes do descanso foi uma etapa relativamente longa para os padrões da Vuelta, de mais de 180km. Apesar do início sem montanhas categorizadas os últimos 36km contaram com uma montanha de 1ª categoria e uma montanha de categoria especial na chegada. No papel essa montanha não parecia tão dura, mas os últimos 8km em Alto de Hazallanas contam na maior parte com mais de 10% de inclinação e trechos de quase 20%.

Perfil da 10ª etapa.

Ainda durante a zona neutra um grande acidente aconteceu e entre os envolvidos estavam nomes importantes na classificação geral como Warren Barguil (Argos), revelação francesa, que perdeu mais de 20 minutos para os primeiros. 4 ciclistas não completaram a prova e 2 foram desclassificados por serem “rebocados” pelos carros de apoio de forma significativa.

O pequeno grupo que chegou aos pés da última montanha permaneceu unido até o começo de verdade da última subida, faltando pouco menos de 8km para o fim. Aos poucos um seleto grupo se formou com Nibali, Rodriguez, Basso, Valverde, Chris Horner (RadioShack) e Domenico Pozzovivo (Ag2R), com Pinot voltando pouco depois. A 4,6km do fim Horner lança um ataque forte, digno de comparações com o ataque de Froome na 8ª etapa do Tour. Apenas Nibali consegue responder, mas ainda assim muito tarde e o americano conquista sua segunda vitória nesta edição e uma boa vantagem na liderança da classificação geral.

Resultados

Classificações

Geral:

  1. Christopher Horner (USA) RadioShack Leopard    40:29:14
  2. Vincenzo Nibali (Ita) Astana Pro Team    00:00:43
  3. Nicolas Roche (Irl) Team Saxo-Tinkoff    00:00:53
  4. Alejandro Valverde Belmonte (Spa) Movistar Team    00:01:02
  5. Joaquim Rodriguez Oliver (Spa) Katusha    00:01:40
  6. Daniel Moreno Fernandez (Spa) Katusha    00:02:04
  7. Ivan Basso (Ita) Cannondale Pro Cycling    00:02:20
  8. Thibaut Pinot (Fra) FDJ    00:03:11
  9. Rafal Majka (Pol) Team Saxo-Tinkoff    00:03:16
  10. Domenico Pozzovivo (Ita) AG2R La Mondiale    00:03:28

Pontos

  1. Daniel Moreno Fernandez (Spa) Katusha    97pts
  2. Alejandro Valverde Belmonte (Spa) Movistar Team    81
  3. Nicolas Roche (Irl) Team Saxo-Tinkoff    77
  4. Joaquim Rodriguez Oliver (Spa) Katusha    61
  5. Christopher Horner (USA) RadioShack Leopard    58

Montanhas

  1. Christopher Horner (USA) RadioShack Leopard    18pts
  2. Nicolas Roche (Irl) Team Saxo-Tinkoff    15
  3. Leopold Konig (Cze) Team NetApp-Endura    12
  4. Daniel Moreno Fernandez (Spa) Katusha    12
  5. Nicolas Edet (Fra) Cofidis, Solutions Credits    11

Combinação

  1. Christopher Horner (USA) RadioShack Leopard    7
  2. Nicolas Roche (Irl) Team Saxo-Tinkoff    8
  3. Daniel Moreno Fernandez (Spa) Katusha    11
  4. Alejandro Valverde Belmonte (Spa) Movistar Team    14
  5. Vincenzo Nibali (Ita) Astana Pro Team    22

Próximas etapas

Na quarta feira os ciclistas enfretam o único contra-relógio individual dessa edição. Serão 38km em Tarazona, já no centro-norte do país, na comunidade autônoma de Aragão. Em seguida serão duas etapas planas antes de mais 3 dias duríssimos nas montanhas, incluindo o ponto mais alto da Vuelta, a Port d’ Envalira, a 2400 metros.

As esperanças espanholas de Valverde e Rodriguez parecem estar sentindo o peso do Tour, sem arriscar ataques mais fortes. Nibali também aparenta estar muito cauteloso, sem arriscar muito. Basso segue quieto, comendo pelas beiradas. Será que o vovô Horner resistirá na liderança? Será que Roche e Moreno sustentam a boa forma das etapas anteriores? Pinot está conseguindo escalar como no Tour de 2012, mas será que sobreviverá às descidas das etapas seguintes?

Vuelta a España – Etapas 4-7

A Vuelta a España continua a todo vapor, com a caravana dando as últimas voltas na Galícia e rumando à Andaluzia para as primeiras etapas de montanhas de verdade. Neste post, um resumo das 4 etapas de transição antes das próximas etapas de montanha.

Do sábado passado (31)  até segunda (2) os ciclistas estão tendo 2 etapas de montanha com uma etapa de montanhas médias entre elas. A cobertura delas estará num post separado ainda nesta segunda.

Quarta etapa – Rumo ao fim do mundo

Depois de bater na trave nas etapas anteriores, Daniel Moreno (Katusha) acertou o sprint e ganhou a etapa, com chegada em um dos pontos mais ocidentais da Espanha, também em subida (3 subidas nas 3 primeiras etapas da Vuelta…). Chris Horner (RadioShack) perdeu alguns segundos e a camisa vermelha voltou para Vincenzo Nibali (Astana).

Resultados

Quinta etapa – Finalmente um sprint

Depois de várias montanhas e morros, uma etapa acabou em um sprint. Michael Matthews (Orica) venceu após um ataque mal sucedido de Philippe Gilbert (BMC), atual campeão mundial e ainda sem vitórias desde quando conquistou esse título.

Resultados

Sexta etapa – Contra-relógio de 170km

Um dos nomes mais importantes da Omega Pharma-QuickStep e bi-campeão mundial de contra-relógio, Tony Martin atacou logo no início da prova e não teve nenhum companheiro de fuga, transformando a etapa num treinamento de luxo para o campeonato mundial. A diferença para o pelotão chegou a quase 8 minutos durante a etapa e caiu para menos de um minuto a 20km para o fim. O alemão sustentou a distância até poucos metros do fim, quando um pelotão liderado pelo rival Fabian Cancellara (RadioShack) o alcançou, dando a vitória a Michael Morkov (Saxo-Tinkoff). Martin ainda conseguiu o 7 lugar na etapa.

Resultados

Sétima etapa – “Fuga” vencendo

Última etapa plana antes das montanhas, a fuga original foi alcançada a poucos quilômetros do fim, quando Gilbert atacou, seguido pelo vencedor da Eneco Tour, Zdenek Stybar (Omega). A dupla aproveitou as rotatórias e curvas da chegada para manter a distância do pelotão. No final, Stybar conseguiu superar Gilbert por uma distância mínima, mantendo a “zica” do belga.

Resultados

Classificações

Geral:

  1. Vincenzo Nibali (Ita) Astana Pro Team    27:29:35
  2. Christopher Horner (USA) RadioShack Leopard    00:00:03
  3. Nicolas Roche (Irl) Team Saxo-Tinkoff    00:00:08
  4. Haimar Zubeldia Agirre (Spa) RadioShack Leopard    00:00:16
  5. Alejandro Valverde Belmonte (Spa) Movistar Team    00:00:21
  6. Robert Kiserlovski (Cro) RadioShack Leopard    00:00:26
  7. Rigoberto Uran Uran (Col) Sky Procycling    00:00:28
  8. Daniel Moreno Fernandez (Spa) Katusha    00:00:31
  9. Rafal Majka (Pol) Team Saxo-Tinkoff    00:00:38
  10. Roman Kreuziger (Cze) Team Saxo-Tinkoff    00:00:42

Pontos

  1. Michael Matthews (Aus) Orica-GreenEdge    53pts
  2. Daniel Moreno Fernandez (Spa) Katusha    48
  3. Maximiliano Ariel Richeze (Arg) Lampre-Merida    40
  4. Nicolas Roche (Irl) Team Saxo-Tinkoff    38
  5. Gianni Meersman (Bel) Omega Pharma-Quick Step    38

Montanhas

  1. Nicolas Roche (Irl) Team Saxo-Tinkoff    11pts
  2. Nicolas Edet (Fra) Cofidis, Solutions Credits    8
  3. Daniel Moreno Fernandez (Spa) Katusha    6
  4. Winner Anacona Gomez (Col) Lampre-Merida    5
  5. Domenico Pozzovivo (Ita) AG2R La Mondiale    4

Combinação

  1. Nicolas Roche (Irl) Team Saxo-Tinkoff    8
  2. Daniel Moreno Fernandez (Spa) Katusha    13
  3. Christopher Horner (USA) RadioShack Leopard    19
  4. Alejandro Valverde Belmonte (Spa) Movistar Team    19
  5. Joaquim Rodriguez Oliver (Spa) Katusha    42